quinta-feira, 24 de março de 2011

Onde Está Deus Em Nossa Dor?

“À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mc. 15.34.
“Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade”.
Quem na vida nunca sofreu? Quem nunca se sentiu desamparado ao passar pelo sofrimento? Quem nunca teve a sensação de que Deus estava distante quando mais precisou dEle? Eu creio que muito de nós, se não todos, em algumas ocasiões de nossa existência já nos sentimos assim. Há momentos na vida que nos sentimos sem forças, sem energia física até mesmo para sair da cama de manhã, não temos motivação para fazer nada. Nossa dor e nosso pesar são tão grandes que somos incapazes de nos concentrar em qualquer coisa. Não temos disposição para orar, menos ainda para ler a Bíblia. Deus parece tão distante e sem amor. Tão frio e impessoal. Sem falar que nossa mente em momentos assim é bombardeada por perguntas que questionam a bondade e os propósitos de Deus na nossa vida.
É claro que sabemos que nesses momentos devemos "olhar para Cristo", "confiar em suas promessas", "devemos buscar a palavra e orar" "ter comunhão com a igreja" e sair do "estado de abatimento e buscar alegria em Deus", sabemos que isso é adequado, mas a verdade é que estamos tão desanimados e o nosso coração tão sufocado pela dor e pela tristeza que tudo isso nos parece vazio e inútil. Os amigos nem sempre estão interessados em nos ajudar, e às vezes nem podem. Aqueles que amamos nem sempre nos apóiam. Então nos sentimos sem chão. Sozinhos e angustiados. Sem esperança e desanimados. Mas o que fazer quando passarmos por momentos assim? O que poderá trazer alento ao nosso coração em situações assim? Creio que deveríamos trazer a memória o que pode de fato nos dar esperança.
O texto citado acima retrata o sofrimento e o desamparo que Cristo sofreu no momento de sua morte. A verdade e que ele se sentiu sozinho desde a noite em que foi traído. Pois nesta fatídica noite Ele foi ao Getsêmani para orar e levou Pedro, Tiago e João consigo para que orassem com ele e o confortassem, pois Ele lhes dissera: "A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo". Mt 26.38.
Observe que Jesus, o Cristo encarnado, estava cheio de tristeza e sua tristeza era tão profunda que parecia a morte. Ele era homem de dores e sabia o que era padecer. Seus amigos, aqueles com quem ele andou três anos, o abandonaram no momento em que ele mais precisou, adormecendo quando deveriam vigiar e negando-o quando deveriam permanecer ao seu lado. Ele foi deixado sozinho para enfrentar a dor e o sofrimento. Sua agonia foi tão intensa e grave que seu suor se tornou em gostas de sangue caindo sobre a terra.
Mas no texto de Hebreus citado acima, o autor diz que Cristo ofereceu forte clamor e lágrimas, orações e suplicas a aquele que poderia livrá-lo. E que Ele foi ouvido em suas suplicas, contudo, apesar de ser ouvido, morreu. Deus ouviu suas orações, porém, em vez de salvá-lo da dor e da morte, escolheu que Jesus caminhasse pela estrada do sofrimento, de modo que pudesse receber a alegria maior ao ver os frutos de seu penoso trabalho. Cristo pediu ao pai que se possível lhe passasse o cálice, mas resignou-se a fazer a vontade de seu pai, ainda que isso lhe custasse à vida, e sofresse duplamente a mais terrível das mortes. Pois foi uma morte de cruz, e foi uma morte em que carregou sobre si substitutivamente a irá de Deus por todo o seu povo.
Porque a profundidade da dor de Cristo é significativa para nós? Porque "não temos sumo sacerdote que não possa se compadecer das nossas fraquezas, mas um que foi tentado em todas as coisas e à nossa semelhança, mas sem pecado". Hb 4.15. Em meio à dor, podemos sentir-nos sozinhos e acreditar que ninguém sofre tanto quanto nos sofremos. Porem, isso não é verdade. Jesus Cristo sentiu tal dor.
Na realidade, ele sentiu uma dor tal que nos teria aniquilado. Ele é capaz de se condoer e se compadecer de nossas misérias. “Por essa razão acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Hb. 4.16.
Espero que você entenda que o sofrimento na vida do crente é comum. E que Jesus sabe o quanto dói. Não precisamos sentir vergonha de sentir dor em nosso sofrimento. Lembremos sempre que apesar do nosso sofrimento Deus continuava reinando. Deus continuava no trono. “Descansa, ó alma, eis o Senhor ao lado”. Em tempo de dor Saiba que Deus está ao Seu lado. Saiba que Ele não desampara os seus filhos. Saiba que Ele não nega as suas promessas, que se interessa por vocês e pelas as suas dores. Descanse nEle. Confie nEle. Busque a Ele. Creia nEle. Sinta-se seguro nEle. Independente da dor Louve a Ele. Deus jamais desampara aqueles que estão em Cristo e que confiam nEle.

Um comentário: